quinta-feira, 28 de novembro de 2013

A reação, democracia e eleições para a reitoria

Pode demorar, mas chegará o dia em que estudantes, funcionários e professores discutiremos universidade em "cafés filosóficos" com maior tranquilidade, considerando estar cumprindo nossa tarefa de edificar um ensino público de qualidade. Consideraremos equivocada e retrógrada a tese de que falar da universidade, dos seus problemas, de seus dirigentes, deve ficar circunscr...ita aos dias de campanha, sabiamente calculados pelos detentores do poder. Estou me referindo ao mundo da nossa universidade estadual local. Ao longo dos anos, produzimos um perfil de funcionário completamente dependente, emocional e financeiramente das benécies da Universidade, centrada num poder executivo forte. Enquanto este perfil se firmou na história da universidade, os funcionários passaram a viver apenas em função de agradar para ter, procurar jeitos para ter, ter a qualquer custo e deixaram de se preocupar com a instituição. Vem de casa, cumpre o necessário do seu dever, volta e as questões da qualidade do ensino superior, das condições de trabalho, precisam passar ao largo para não desagradar seus superiores. O medo de dizer alguma coisa que redunde numa represalha, principalmente, se for financeira, norteia o comportamento do servidor, que até pode falar nos corredores, mas não vai as assembleias sindicais, publicamente não sustenta seus pontos de vista.

O que os analfabetos da reação situacional denominam de "esquerda universitária" em Ponta Grossa não resiste a menor análise. Antes do Deputado Péricles se tornar prefeito municipal, com a aquiescência de figuras da direita que não desejavam ver Jocelito Canto no Palácio da Ronda e não tiveram saída a não ser prestar... apoio ao deputado petista.
Em torno do seu nome reunia-se um grupo heterogêneo, como ficou evidenciado pela composição do seu governo, que chegou a incluir professores de Educação Física, dos mais reacionários possíveis. Quando você escutava as tolas entrevistas de seus secretários, ficava evidente a discordância com políticas e concepções populares e ecildemocráticas. Mas estes elementos tinha sua origem na Universidade e por isso portavam a alcunha de "esquerda", alguns até eram considerados "petistas", mesmo quando nunca foram filiados e eram vorazes críticos do trabalhismo petistas. Não eram poucos que, desde a década de 1989 corriam atrás de cargos, especialmente os comissionados, na distribuição de poder na Universidade. Estes indivíduos ao serem chamados para o governo petista na Prefeitura de Ponta Grossa, já não mantinham vinculação com os funcionários, de tão intelectuais pedantes e tesistas que se consideravam, distribuindo atitudes preconceituosas, inclusive de separação com os servidores, reforçaram o distanciamento. Ingênuos, permaneceram dentro do sistema, que inclusive se alterou algumas vezes, da noite para o dia, como a famosa substituição de conselheiro natural na vacância do reitor e vice-reitor, se mostrando aos servidores e aos estudantes apenas naqueles dias, enquanto a situação, sempre se fortaleceu com os capitães do mato, os carçudos, como ficaram conhecidos os feitores, a rígida hierarquia que funciona, eficientemente, durante os quatro anos de gestão. Foi derrotada.


Os anos de 1989-1994 foram tempos difíceis para o funcionalismo das universidades, em relação aos salários. O governo Lerner sacaneou os servidores o quanto pode em nome das reformas estruturais proposta pela política do neoliberalismo. Os políticos ficaram em situação ruim com os servidores públicos em todos os campos Governo do Estado do ...Paraná. Os reitores aproveitaram o momento com muita propriedade. As "FGs" passaram a ser extendidas aos servidores, inicialmente, com muito vagar e aparentando critérios. As funções gratificadas funcionaram como compensações para a falta de atualização salarial dos Governos, aproveitando-se a margem de investimentos financeiros do Governo do Paraná nas IES. Os reitores recebiam determinada verba a repassavam-na para os servidores. Pronto, estava preparada a arapuca que prenderiam os funcionários por anos à subserviência a um paternalismo autoritário. Ao mesmo tempo que "dava", ele sugava a autonomia, a independência e a consciência do funcionário. Tal era a crise que não foi possível perceber, nem as forças progressistas das universidades conseguiram trabalhar, que a concessão de favores se realizava no modelo de uma pirâmide. Da base para o topo as gratificações aumentavam, ou seja, se media pelo cargo, por vezes, inútil, irracional e sem sentido, quanto mais trabalhava, menos era a gratificação, maior o cargo, portanto, maior a ociosidade, maior o ganho.
Nesse período as universidades deram outro salto na domesticação dos funcionários. Já tinham dado o aumento desejado e não obtido junto ao Governador. Portanto, isso dispensava a necessária luta dos trabalhadores e a consciência funcional. Turvava o comportamento de assédio moral praticado pelos feitores. Se recebesse, ou para não perder, se suportava o pior temperamento. Mas as universidades substituíam, como ainda ocorre em nossos dias, o sindicalismo, a esta altura, já em processo de se dividir, para facilitar a situação. Por que reivindicar salário justo se o que precisavam era concedido pelas reitorias. Sobrou aos sindicatos, totalmente desarticulados e desestruturados, as negociações com o Governo de Curitiba e mesmo assim, os reitores reforçaram sua organização, criando a famigerada "Associação dos Reitores", que se interpõem nas negociações com o Governo. Esse quadro explica porque os servidores exitam em apoiar qualquer candidatura que assinale qualquer mudança, ainda que não seja estrutural e ideológica.

Nenhum comentário:

Postar um comentário