segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Reação abre debate sobre próximo reitor da UEPG






O JORNAL DA MANHÃ (Ponta Grossa-PR), na pena do jornalista Danilo Kossoski, soube captar os primeiros ventos do processo de mudança no comando da UEPG. Dá para dizer, que até na terminologia, coisas que os nossos jornalistas locais não costumam atender, Danilo foi preciso. Falou em "consulta à comunidade" e deixou a "eleição para a reitoria" de fora. É assim mesmo.
Mas o JM se equivoca ao afirmar que o novo gestor terá como desafio manter [o desenvolvimento]. Embutida a velha idéia de que as mudanças que os estudantes, funcionários e professores progressistas desejam, seria o freio para algum tipo de desenvolvimento. E o que o jornalista entende por "desenvolvimento"? O desafio do próximo reitor será elaborar um plano de desenvolvimento que a universidade carece à décadas e não manter o inexistente.

É necessário corrigir a sensação que a posse do documento que regulamenta a consulta a comunidade universidade causa às entranhas do jornalista. Ele se apressa a afirmar que há uma disputa polarizada. Não há polarização. Quem anda nos corredores, conversa nos bares, caminha pelas avenidas percebe a tendência da comunidade universitária, a esperança, a insegurança do momento e clara inclinação. A campanha não começou, os debates, devido ao espírito medieval e a falta de renovação de mentalidade na administração da universidade (setores, conselhos, colegiados). A reação considera pecado mortal o incentivo à discussão permanente da política universitária. Se os jornalistas se dessem ao trabalho de pesquisa de campo constatariam para quais ventos se inclinam estudantes, professores e servidores técnicos da instituição. Polarização é uma emoção de redação à distância.

A especulação de que um suposto grupo lance candidatura própria é infundada. A esquerda universitária, a das teses e que não perdeu ainda seu referencial, terá nas reformas propostas por Sanches Neto, conforme se observa na matéria do Jornal, maior proximidade com o que sempre defendeu . Já que não há revolução, que haja reforma da universidade, pensam.

Se não há polarização, há uma encruzilhada. As condições históricas existem para que se tome uma opção entre o tecnicismo, o tradicional espírito colegiano, o pedantismo que tem um orgulho inócuo e infrutífero de bater no peito e dizer "sou professor, estudo ou trabalho na Universidade", sem considerar que só pode ser universidade aquela que influencia o contexto histórico e material da sociedade, que produz gente pensante, idéias transformadoras e revolucionárias, que produz a pluralidade de interpretação no campo das ciências amplas. Estamos então, decidindo se vamos no rumo do tecnicismo medieval ou a inserimos no plano nacional e mundial das idéias, filosóficas e científicas, indissocialvemente postas.

A descentralização é a principal necessidade da Universidade. Mas parceira da descentralização está a otimização da estrutura universitária, enredada por pequenas estruturas inúteis, que atravacam o desenvolvimento, como os pseudo setores de conhecimento e os departamentos. É preciso suspender imediatamente a criação de novos departamentos e a contratação de professores através destas unidades. É preciso fortalecer os Colegiados de Cursos e contratar docentes e técnicos para cursos. Distribuir recursos para cursos de graduação e pós-graduação e não departamentos os setores.

O próximo reitor precisa cuidar da educação funcional de professores, alunos e servidores. Aprender, aproximar-se de conhecimentos que nos tornem mais responsáveis e éticos com a coisa pública. Substituir as atuais horas-extras por contratação de novos funcionários, especializados, correspondendo às reais necessidades dos laboratórios de pesquisa e ensino.  É sintomático supervalorizar a pós-graduação numa fase em que as licenciaturas padecem da ausência de laboratórios e salas de aulas apropriadas. Além disso, há que se rever o sentido social e político das nossas pós-graduações e da lenta absorção e inserção no "mercado" dos pós-graduados. Lembremos que o Currículo Lattes gerou uma febre por produção e os distúrbios morais no país inteiro leva ao nepotismo Lattal.


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