quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Corte das horas extras nas universidades - encarando a verdade

Tenho participado de algumas reuniões entre os Sindicatos e o Governo do Paraná a respeito da carreira dos docentes e técnicos das Universidades e faculdades paranaenses. Apenas como observador. Munido de papel e caneta, discretamente, vou observando gestos, sinais, comportamentos, telões, ligações telefônicas e gestos falhos.

O Governador Campos Salles (apelidado de Beto Richa) tem uma obsessão em destruir a Lei 15050, do Plano de Carreiras, porque odeia, gratuitamente, o Governador ROBERTO REQUIÃO. São dois modelos de governo, diferentes como o leste está o oeste. Para Requião, o serviço público é a melhor forma do Estado atender a população e o funcionário o mais indicado para intermediar este serviço. Por isso, para Requião, o servidor deve se aprimorar fazendo cursos, palestras, se graduando, posgraduando e as universidades na ênfase pela extensão e não apenas pelas pesquisas (Eu escutei isso do Requião na Escola de Governo). Muitos servidores são estúpidos, ingênuos, ignorantes e atacam o Governador pelo temperamento de ser um homem decidido, convicto, sem meias palavras e que como estadista, sabe das forças poderosas que enfrenta.
O Governo de Campos Salles, mantido pelos partidos PPS, DEMO, PSDB, PSB (em Ponta Grossa, Marcelo Rangel e Plauto Miró) tem caminho oposto. Para eles ninguém serve melhor o povo que a empresa privada. Por isso, o quanto for possível do serviço público, é melhor terceirizar ou privatizar. Como o processo de qualificação e "reciclagem" ocorre por força do mercado na iniciativa privada, o Estado não precisa de servidor que estude. E olhe, que isso caiu como uma bênção para aqueles funcionários que dão graças a  Deus por não lerem coluna de leitor em jornais. Vivem cansados, desesperados e se aposentando no ano que vem. 
Mas as atitudes do Governador em represar o Plano de Carreira e os aumentos legais do funcionalismo tem algumas coisas que mereceriam, agora, uma lavada de roupa suja em nossas reuniões. 
Os governos e administradores das instituições públicas, descobriram que quanto mais favores concederem aos funcionários, mais endividados ficarão e mais submissos e conformados estarão sob as asas poderosas dos que não querem largas as tetas do poder, alguns até com vantagens maiores que os funcionários. São esses favores que nos iludem, que não nos entusiasmam a comparecer nas assembléias, a participar de mobilização, das greves, de deixar a cadeira confortável das FGs e lutar pela dignidade da nossa categoria e pelo prejuízo que causam aos outros. É o individualismo barato e cruel, que eu ganhando os demais que se fodam.

Muitos funcionários se aproveitaram da sangria desatada. Alguns chegando ao absurdo de pedirem pagamento de horas-extras em período de férias, como julho. Outros, substituindo horas-extras por FGs, quando as primeiras deveriam ocorrer apenas em eventualidade, e não como pagamento permanente, todos os meses. O problema é separar o joio do trigo. Aquele servidor que realmente cumpre sua jornada de trabalho, que seu serviço efetivamente requer, daquele que nada tem a fazer na manhã, ao invés de ser remanejado para noite, ilude com o acréscimo das horas-extras. As universidades precisam rigor na concessão de horas-extras, verificação se há, efetiva necessidade, se o servidor permanece o horário que assina no ponto. As Universidades não são instituições de caridade. Como lida com inúmeros funcionários, tem ser que justa com todos.

São estas horas-extras, que segundo o Tribunal de Contas, pesam nas contas do Governo e que agora, Campos Salles, quer coibir com o relógio ponto digital, atitude que funcionários de caráter não temem. Mas podemos estar pagando o preço dos aproveitadores, que se revoltam nos corredores quando são criticados pelo oportunismo no dinheiro público. Sabe aquela história de que cada um cuida de si? Mentira, mal comportamento de alguém, estraga para todo mundo. 

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