terça-feira, 18 de setembro de 2012

Greve dos servidores das IES e o espírito da ditadura militar

Os servidores das Universidades, em nosso caso, da UEPG não estão em greve por vagabundagem. Uma lentidão proposital, transformada em brincadeira de políticos sem palavra, para tratar da tabela do nosso reajuste, que se arrasta a mais de dozes meses. A luta e o sacrifício dos grevistas não é apenas pelo seu contra-cheque, mas de todos, inclusive os que optaram pela atitude covarde de sentar-se na cadeira e não lutar pela dignidade do coletivo. A Universidade é um espaço onde o pensamento crítico, a criatividade, a cidadania e o amadurecimento deviam morar permanentemente. Portanto, a instituição deveria orgulhar-se de ter servidores que não se agacham a exploração e a humilhação. Queremos uma instituição que forme alunos que façam a diferença, com professores que além das aulas, dão exemplo de coragem, firmeza e luta por uma sociedade melhor. Funcionários com mente aberta, esclarecidos, que não vivam dentro da caverna também fazem parte deste currículo fundamental e que constitue a essência de uma universidade séria.
Dito isto, resta lamentar algumas atitudes de burocratas de plantão, provisoriamente instalados na cadeia de comando das universidades, muitas vezes por casualidade, visto que suas posições seriam, com tranquilidade ocupadas por uma variedade de pessoas, em alguns casos do pessoal técnico. É necessário dizer isto e divulgar entre a comunidade acadêmica, pois alguns professores estão se servindo de seus cargos e do fato que seus carimbos estão ineficazes, sem os servidores, e provocando intimidações, ferindo o princípio do direito de greve e da liberdade de expressão.
Durante a manifestação de hoje, funcionários gravaram, chefes ligando para os grevistas e ameaçando corte do ponto, sem falar que circulam comentários de que alguns estão pressionando subordinados para isto. Passados os dias de greve precisamos responder esse tipo mesquinho de "espírito da ditadura militar", a negação do direito de lutar por direitos humanos.
É claro que isto tem a ver com a vergonhosa tradição da UEPG de que professor é superior a funcionário, podendo o primeiro faltar aulas, repor quando dá na telha, viajar para congressos sem prejuizo de sua frequência, cursar pós-graduação às custas do Governo sem prejuízo do seu salário, comparecer quando quer. Claro, há excessões e são poucas. Durante a greve do segmento docente, nenhum funcionário deu falta ao professor ou coordenador de sala ou laboratório. Estas devem ser pautas do Sindicato da Universidade para o pós-greve.
O autor destas linhas participou de duas reuniões sobre o assunto. A primeira e mais importante foi em Curitiba, quando o Secretário da Ciência e Tecnologia, declarou que não estava cobrando faltas dos grevistas, e no caso exemplificou a UNIOESTE, que já iniciara a greve, rompendo a negociação com o Governo do Estado. Nessa reunião estavam presentes os reitores.
Em outra reunião, desta vez, no Gabinete do Reitor da UEPG, presente quem escreve estas linhas, o Administrador da Universidade, afirmou que faria um expediente aos seus subalternos orientando-os a não criarem nenhum constrangimento para que os servidores participassem de uma luta que era justa.
Os kuos-sentados, nova catedoria sociológica do serviço público, estão retirando de seu podre espirito, os resquícios de autoritarismo e pedantismo. Queiram ou não, vamos construir uma universidade democrática nem que seja necessário enterrá-los simbolicamente no fim da greve. Certamente, encontrarei muitos destes nos corredores, e com certeza, garanto que os enxergo totalmente despidos e depilados. Não são bonitos como parecem. Sem roupas, meros cadávares,  que servem de exemplos do que foram os anos de arbítrio no país, expressões de alma feia, como diz o versículo bíblico, quando se aposentarem ou se desencarnarem, "partirão sem deixar saudades". Nenhum livro abordará sua memória. Vidas ocas.

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