sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Questões sociais e psicológicas relegadas pelas econômicas - Horas Extras

Retomo aqui a questão das chamadas "horas-extras" e peço que a Direção do Sindicato considere, atentamente, estas colocações (eu não sou da direção nem represento a opinião oficial do SINTESPO). São absurdas e ingênuas as explicações que ouvimos nos corredores da Universidade a respeito delas. Começaria dizendo que duvido que as empregadas domésticas ou outros funcionários dos nossos administradores receberiam "horas-extras" como nós, funcionários, as recebemos. Duvido, a caridade não chega a tanto nos portões da Universidade. Mas se alguém insistir, posso fazer de contas que acredito.
Dias atrás, fiquei contente com a Pró-Reitoria de Recursos Humanos. Eles questionaram, segundo me contaram, o relatório de "horas-extras" de um servidor durante o período de recesso administrativo não remunerado em julho. Fiquei de cara, foi uma atitude coerente, bonita, honesta. Do outro lado, deixamos a bunda descoberta quando propomos uma indecência dessas a Universidade, de pagar "horas-extras" num período como esse. E ainda, estamos escandalizados com o mensalão, com a roubalheira dos deputados. Corruptos são eles, em Brasília...
Horas-extras não são complementações salariais. São "necessidades eventuais" que não se podem ou se devem repetir diariamente. Não devem servir de prêmio a suposta benevolência do servidor, nem corresponder ao 24ºsalário. Mesmo eventuais, apenas órgãos de extrema necessidade, com clara falta de funcionários, com serviço indispensável e em horários oficiais de funcionamento da instituição.
A instituição deve primar pela necessidade de lazer e descanso do servidor. Nada deve comprometer o necessário intervalo de almoço, de janta dos funcionários. Espero que o Sindicato da Universidade enfrente essa questão. Nem a direção da Universidade nem o próprio servidor devem ceder as insinuações mútuas.
A vida sadia de todos deve ser compromisso entre empregadora e trabalhador. Desta forma, a Universidade não deve facilitar dependência financeira de um instrumento que não é fixo, que deve ser transitório, e que pode alimentar o espírito consumista do servidor, que é, prejudicial em termos de saúde. Quantos casos de servidores com dor de cabeça, doentes, com problemas familiares, porque, ganharam mais, se endividaram mais, confundiram o efêmero com o permanente.
O Sindicato e a Universidade podem e devem sentar-se para pleitear a qualidade e a eficiência do serviço público. Existe mesmo tanta necessidade de horas-extras? Por que não revindicar a contratação de novos funcionários, inclusive, possibilitando mais emprego, mais trabalho, diminuindo um problema que é pior, a carência de trabalho, efetivamente, necessário com tanta gente aí fora, qualificada, esperando uma oportunidade? Se não justifica mais um funcionário naquela unidade, ficam suspeitas as horas-extras. Por exemplo, se um laboratório dispensa 60 horas-extras para um dos seus servidores de 40 horas semanais, então esse laboratório está precisando de mais dois funcionários. Aliás, a Universidade precisa rescalonar servidores. Há laboratórios com dois funcionários e um funcionário que cuida de 4 laboratórios. Isso tudo em nome da correção, da justiça e da eficiência.
Em outra oportunidade discutirei o papel dos laboratórios e fusão de zelador e laboratorista, um dos problemas do Manual de Funções.


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